O orkut me traiu

Quando olhamos aquele recadinho nebuloso na página de recados do(a) pretendente o coração bate acelerado, uma sensação horrível no estômago que se revira dentro da gente e uma confusão mental se estabelecem logo no organismo.
Um amigo me contou sobre isso quando viu entre os scraps de sua amada a foto de um belo rapaz que dizia apenas: saudade.
Ele ficou atônito e nem respirava direito. Passou o dia péssimo e nem teve muita disposição em investigar o caso naquele momento. Várias dúvidas pairam sobre este fato agora e a tendência é sempre achar que existe algo a mais por trás dessas manifestações.
Muita gente já passou por esta experiência e sabe que existem recados e recados.
Minha amiga de escola A. T. é mestra em espionar as vidas alheias e admito que faz o trabalho muito bem. Ela consegue analisar os fatos, conectar os acontecimentos, pessoas e até descobrir as intenções dos orkutianos. Ela é uma verdadeira vira-latas de orkut!rsrs.
Pensava sobre isso nessa manhã e conclui que a www.qualquerporra.com é mais um meio de sofrimento para os apaixonados. O círculo sempre aumenta; as redes interconectam milhares de pessoas e nessa muvuca virtual os sentimentos não se definem, os contatos apesar de supérfluos, destroem relacionamentos e alienam as participantes dessa suruba da nova era.
Que fique claro, não abomino o orkut.É uma ferramenta incrível para inúmeros interesses além de ser um ‘fenômeno social’, como diz uma socióloga conhecida minha.
Gente gosta de gente. O interesse humano supera os demais nesses encontros de bits e pixels. A comunicação é necessidade indiscutível.
Hoje temos cada vez menos contato pessoal e cada vez mais solidão. A vida corre. Trabalho, estudo, atividades mil... E a alma fica reprimida, bem como os sentidos atrofiados. O tato, por exemplo, é um deles, que em minha opinião, é essencial. Precisamos tocar as pessoas, senti-las, olhar nos olhos, beijar na boca e fazer sexo de verdade. Nunca ouvi dizer de um bebê feito pela internet.
Apesar de todo avanço tecnológico ainda não estamos preparados para lidar com essa cultura cibernética maniqueísta. Ora estamos no céu e ora padecemos no inferno. Criamos necessidades desesperadamente para suprimir o mais simples e viável: ser humanos.
Honestamente eu não sei aonde a história do meu amigo magoado vai dar. Espero que ele tenha o equilíbrio e sabedoria para discernir o real do virtual. Esse é um assunto que não se esgota e nem pretendi isso.
Tome cuidado com você e com as pessoas que estão ao lado, que te tocam, sentem de perto, ouvem tua voz, que existem de fato e gostam de você sem os acessórios intergalácticos e photoshopeados pela interface magnética. Faça valer!!!