Da Minha Janela
>> terça-feira, junho 16, 2009
Foi da minha janela que vi tudo acontecer. Depois de uma viagem, entrei pela porta desprentesiosamente, sentei-me na frente, esquecida dos livros e portando apenas a mim mesma, levantei o olhar quando vi você entrar.
Ouvi tua voz suave, cheia de ironia e certo pedantismo. Nesse momento passei a observar tua existência. Tão distraída que sou, acabei me concentrando nessa luz clara e corada de sol, que é a tua pele.
A boca vermelha decididamente exercia um magnetismo que me hipnotizava a cada encontro. Só você falava. Quando enfim, olhei teu sorriso, não pude mais resistir ao desejo que já estava em mim e só eu ainda não sabia.
Desejei teu beijo e fiz acontecer. Nem acreditei que tive todo esse poder, nem acreditei que tive você em meus lábios. Longo e louco beijo que ainda me faz voar de prazer, de euforia, de contentamento.
Não poderia ser, mas é. E todos os dias tive você sem que soubesse. A realidade só me trouxe a sensação da tua pele em instantes clandestinamente contados. Tudo tão intenso...
O absurdo me atacou. Sabia que não poderia te ter diferente. E você se fez neblina. Não podia te tocar, não posso. Então dormíamos juntos e acordávamos juntos, eu, a lua, o sol e você. Ainda é assim.
Teus gestos, teus passos, tua presença passaram a ser parte das minhas expectativas. Tão distante de mim.
Resolvi então ficar na minha janela. Dela eu vejo você e projeto todos os meus sonhos enquadrados na realidade que construo pra mim.
Da minha janela eu posso tudo, só não posso você.